Arquivo mensal: novembro 2009
NOME PRÓPRIO: O LIVRO ACABOU! PONTO FINAL.
ESCREVENDO UM LIVRO – CONDENADO
O JULGAMENTO DE JUDAS
É até previsível a finalização do poema. O que não se esperava, pelo menos eu não esperava, era a condenação que, diga-se de passagem, foi rápida e sem sustentação, por força de “nada mais redime a morte de Jesus”… Até parece que há uma preocupação de finalização por falta de argumentos racionais e, tampouco, místicos. Judas simplesmente sai de cena carregando sua cruz para junto de Jesus a quem ele reagiu violentamente como sendo “beneficiário” de sua dor.
Poderíamos pensar dentro dos limites cristãos a possibilidade de Judas retornar ao “Inferno”, local para onde vão os pecadores, no entanto…
Eis, então, a linha com a qual costurei minhas primeiras idéias de uma possível alegoria do poeta… (?)
Compreendo meus senhores.
Temeis o fogo eterno e seus horrores
E fugistes à liça…
Calaste à razão e a consciência…
Não vos pedi perdão nem clemência…
Só vos pedi-JUSTIÇA-
OH JUSTIÇA! OH JUSTIÇA! Existirás?
Eu te busco entre os homens… Não estás.
SOU JUDAS O MALDITO…
Subirei para o céu…Verei Jesus…
Levarei, sobre os ombros, minha cruz
No calor do meu grito
JUSTIÇA!
JUST!
JUS!
ESCREVENDO UM LIVRO – O INÍCIO, PARTE I
O JULGAMENTO DE JUDAS
Como dizer a uma população essencialmente cristã que o maior traidor da história do homem não foi traidor!
É preciso que se diga que não estamos tratando do Judas histórico, mas do homem que se traveste de um pecado não assumido, mais imposto por autoridade superior. O argumento é até simplório: Judas, como qualquer nome, foi escolhido por Deus para que se cumprisse um programa no qual Cristo, aqui entendido a força da natureza, fosse glorioso. Esse papel foi cumprido na totalidade, inclusive se observarmos o evangelho de Judas (apócrifo) veremos que Judas contribuiu para a libertação da alma de Jesus presa a um corpo físico, livrando-se do invólucro carnal – pensamento gnóstico .
O homem a quem nos reportamos está amargo com aquilo que associa como traição e para criar a imagem de que necessita utiliza-se da traição de Judas. Nada mais.
A segunda parte,
DEFESA:
Assim se escreve a história do calvário
-cujo tema é fugaz e mesmo vário-
Num cenário de dor…
Sobre mim desce o látego que inflama
E em Jesus uma auréola se derrama
Entre cantos de amor.
Não foi pelo remorso que eu chorei,
Nem também de remorso me enforquei
Mas pela maldição
De jogarem-me contra a humanidade
Como um réu de traição e de maldade
Sem direito ao perdão!…
Mas, eu NÃO O TRAÍ! EU FUI TRAÍDO!
EU NÃO PUDE VENCER! EU FUI VENCIDO!
ETERNO CONDENADO…
CUMPRÍ O MEU DESTINO… ESTAVA ESCRITO!
E NÃO PUDE ELEVAR ESTE MEU GRITO
DE UM JUDAS REVOLTADO!
Coube a Jesus a parte mais simpática
No cenário da vida, e a antipática
Foi feita para mim…
E eu senti, desde logo, a crueldade
Contínua dessa mesma humanidade
Que julga sempre assim…
Perdoai meus senhores, a Paixão
Que me ferve, no sangue, o coração
Por não ser compreendido…
Mas, pensai: P’RA JESUS TER SUA GLÓRIA
PRECISAVA UM TRAIDOR NA GRANDE HISTÓRIA
E FUI EU O ESCOLHIDO!…
Traí Jesus, pois fui determinado
A cumprir, com tristeza, esse meu fado
E esse fado eu cumpri…
Se houve um “Cristo” fui eu. E se houve ofensa
A mim foi feita e, nessa dor imensa,
Até hoje vivi…
E JESUS PRECISAVA P’RA SER CRISTO
QUE UM JUDAS O TRAÍSSE; SOMENTE ISTO…
SENDO ASSIM – FUI TRAIDOR!…
Mas é neste gesto tão sublime
Que toda humanidade se redime
NO CRISTO RENDENTOR…
ONDE ESTÁ O MEU CRIME DE TRAIÇÃO?
NÃO FOI DEUS QUE ESCOLHEU DE CORAÇÃO
UM JUDAS QUE SOU EU?
Jesus ressuscitou… Subiu aos céus
E a Judas, condenou-o o próprio Deus…
Mas, Judas não morreu.
Vive e sofre, sem fim, a sua sorte
Sem destino, sem fé, mesmo na morte
Eterno caminheiro.
Mas espera que o vosso julgamento
O absolva, para sempre, do tormento
Perante o mundo inteiro…
Que a vossa decisão seja de um justo
Sem que apliqueis o “Leito de Procusto”
Por temor ou receio….
Por que Jesus, no Drama da Paixão,
Morreu feliz, pois teve a compaixão
De Maria, no seio.
E agora meus senhores, consultai
Vosso amor, vossa fé, e então julgai
Este Judas proscrito…
Calai o coração. Não tenhais sustos,
Atentai à razão e sede justos
No vosso veredicto.
E tu humanidade, não te iludas:
– Cristo existe porque buscou um Judas
Em meio à cristandade…
E eu Judas, oh cristãos, somente existo
Porque houve o sacrifício desse Cristo
Por ti – HUMANIDADE!…
(E Judas a seguir, foi ser julgado
Por esse tribunal imaculado
Num recinto de luz…
Estudaram do réu, seu grande crime
E concluíram que nada mais redime
A morte de Jesus…)
MINHA ESTANTE DE LIVROS
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Eis minha “ESTANTE DE LIVROS”, ainda pequena, mas promissora!
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ESCREVENDO UM LIVRO – O INÍCIO
o julgamento de judas
Comecemos do início, como deve ser.
A poesia mais representativa de meu avô, – trata-se na verdade de um trabalho de meu avô que me foi entregue – “O julgamento de Judas”, quando lido isoladamente não tem substância própria, mas se confrontarmos com a totalidade dos escritos percebemos que há nele uma confluência. E foi assim que estabeleci uma linha sobre a qual me equilibrei para que pudesse obter o resultado que desejava: promover uma ligação entre poema e homem que, não tendo ânimo para indisciplina prefere, através da poesia, retratar a vida sob determinada ótica.
para conseguir esse resultado havia que trabalhar a biografia do homem ligado à obra, sem dar, contudo, maior expressão a um que a
outro.
Transcrevo a primeira parte do poema que é dividido em: “Perante tribunal”, “defesa”, “Condenado”
Perante o tribunal
Senhores! Eu sou Judas o proscrito
Que traz à face o estigma de maldito
Há quase dois mil anos.
E, neste tribunal imaculado,
Por crime de traição serei julgado,
Por vós que sois humanos.
Ouvi, Juízes: -É simples minha história
Que tem a maldição, em vez da glória,
Tem trevas, não tem luz.
Eu vivo, pelo mundo, só e errante,
Insultado, ofendido, a cada instante
Co’ a maldição da cruz.
Um beijo eu maculei. E, por dinheiro,
Denunciei Jesus, o companheiro
Que servia de exemplo…
Era o filho do Pai que a nós pregava
Bondade, amor e fé e que expulsava
Os vendilhões do Templo.
Era o Mestre querido e Sua doutrina
Ainda hoje perdura e nos ensina
Amar ao Senhor Deus…,
E o Seu Reino era outro, diferente,
Onde havia justice e um Pai CLEMENTE
A Reinar lá nos Céus.
E todos nós, discípulos, seguíamos
Seus passos e outra coisa não fazíamos
Senão obedecê-Lo.
As Suas leis, por nós, aos fariseus
Eram ditas, também aos bons judeus,
Com todo amor e zelo.
Mas, disse-me Jesus: -“Tu me trairás”…
Era o nosso destino…
E Simão O negou por obediência
E eu O traí, sem ter a consciência
Daquele desatino…
Vendi-o – a Caifaz e seus sequazes
Conhecendo-os de quanto eram capazes
Num falso julgamento…
E eu vi Jesus ser preso e condenado
Morrer, entre ladrões, crucificado
Com tanto sofrimento…
Jesus a Quem amei! E o meu tormento
Desde esse dia, até neste momento,
É o nome de traidor.
Como um ferrete, em brasa, dentro d’alma
A queimar-me o corpo e não se acalma
Em meio a tanta dor.
NÃO POR ACASO
DE UM CANTADOR NORDESTINO – REPENTE
Nosso sinhô fez o ceu
Ao dispois o firmamento
Em seguida os oratóro
E os anjo “timbungo” dento.
CONVERSA DE COMADRES